A inteligência artificial pode ajudar os profissionais, em vez de tirar empregos, diz vice-presidente da IBM
Mike Rodhin, vice-presidente da IBM para o Watson, afirma que áreas em que o volume de dados é maior do que pode ser processado por humanos trazem oportunidades.
Para saber onde estão as oportunidades de negócios para a inteligência artificial, é preciso avaliar em quais áreas o volume de dados disponível é maior do que um ser humano é capaz de processar, defende Mike Rodhin, vice-presidente da IBM para o Watson — o supercomputador desenvolvido pela empresa. “Existem carreiras que foram afetadas pela tecnologia, mas que não tinham até agora sistemas específicos que ajudavam os profissionais em sua prática diária”, afirmou o executivo durante palestra realizada no CEO Summit, nesta terça-feira (18/10), em São Paulo. “Atualmente, estamos vendo uma quantidade massiva de programas sendo desenvolvidos”.o feitas. “Teremos cada vez mais aplicativos que usam vídeo, entendem o tom de voz e a personalidade de quem interage com eles. Ao entender o contexto de uma pergunta, é possível dar uma resposta melhor”, diz.
Segundo Rodhin, os robôs estão assumindo algumas das tarefas triviais que os humanos realizam. Eles já são capazes de entender nossa linguagem e correlacionar essa informação com outras. “Temos ferramentas que permitem ao sistema ler, entender, relacionar e aprender”, afirma. Segundo ele, na década de 1990, a grande questão era criar sistemas que pudessem responder a qualquer tipo de pergunta. “Hoje temos isso”, diz.
Rodhin ressalta que os investimentos em computação cognitiva (tecnologia capaz de processar informações e aprender coisas novas, de forma semelhante ao cérebro humano) têm aumentado ano a ano. “Se você olhar para cinco ou seis anos atrás, o número de empresas que investia em inteligência artificial e o valor gasto eram muito pequenos. No ano passado, já eram quase 300 mil startups investindo nisso”.
No caso da IBM, Rhodin explica que a empresa enxergou uma oportunidade na área da medicina. “Descobrimos que o valor real da inteligência artificial era olhar para profissões e áreas do conhecimento em que as informações haviam superado o que os humanos podem processar”. A empresa começou a trabalhar na área da oncologia. Segundo ele, o sistema da IBM, Watson, levou dois anos e meio para aprender o necessário. “Foi preciso que o sistema aprendesse toda a linguagem do médico e de oncologia, que pode até ser inglês, mas é uma linguagem específica, diferente da que usamos todos os dias”. Atualmente, para aprender sobre um novo tipo de câncer, o sistema Watson leva entre 30 a 60 dias — um tempo “bastante razoável”, segundo Rhodin.
O Watson dá assistência aos médicos para tomar decisões no tratamento, levando em conta uma maior quantidade de informações. O programa analisa o histórico do paciente e o compara com a base de dados disponível sobre determinado tipo de câncer.
“Muitas pessoas entenderam que isso poderia tirar emprego de profissionais, mas a realidade é que não há oncologistas suficientes e especializados em todos os tipos de câncer no mundo”, afirma Rhodin.
Além disso, o sistema desenvolvido pela IBM para a oncologia pode ser usado em outras áreas. Grandes bancos, por exemplo, já usam o Watson para responder perguntas dos clientes sobre os serviços oferecidos, segundo o executivo.
Há também um sistema especializado em falências, que pode auxiliar escritórios que trabalham com o tema. “No caso da advocacia, as grandes firmas sempre tiveram mais oportunidades que os escritórios menores, porque podiam colocar mais advogados para trabalhar em um caso e pesquisar a respeito de um tema. E se déssemos aos pequenos escritórios um sistema que leu todos os casos e toda a lei? Teríamos mais equidade de oportunidades entre as empresas”, afirma Rhodin.
O vice-presidente da IBM falou também sobre a possibilidade de ajudar professores a criar currículos mais adequados a cada turma. “Podemos criar um sistema online, em que o professor pode, de forma interativa, explicar as dificuldades que tem e receber informações sobre formas diferentes de trabalhar com aqueles alunos”. Rhodin também apontou oportunidades na área de hotelaria e em call center.
Agora, segundo ele, o próximo grande avanço esperado no setor é aumentar as formas de informação que o sistema recebe, para responder melhor às perguntas que lhe são feitas. “Teremos cada vez mais aplicativos que usam vídeo, entendem o tom de voz e a personalidade de quem interage com eles. Ao entender o contexto de uma pergunta, é possível dar uma resposta melhor”, diz.
Fonte: Época Negócios